domingo, 22 de janeiro de 2012

E aí?

Ali, naquela sala, ainda o corpo.

Choros, lágrimas e muita tristeza. Uma mistura de sentimentos nostálgicos, aonde, em cada pessoa, se passava um filme. Um longo e demorado filme capaz de trazer à tona as maiores lembranças, os maiores medos e as conversas que mais se destacaram naquela vida. As pessoas que ainda se faziam presentes se espalhavam pelo longo salão decorado com imagens religiosas e uma grande cruz no centro. João era, visivelmente, o mais triste. Sem conseguir falar nenhuma palavra desde a notícia dos médicos, tentava se fazer de forte e até arriscava um meio-sorriso quando familiares e amigos passavam e davam um aperto de mão. Uns, mais intímos abraçavam. E por ali mesmo, ficavam sem dizer nada. Afinal, palavras não seriam suficientes e, a bem dizer, nunca foram. João, aos seus 51 anos, mesmo sendo professor há 17, começara a perceber mais do que nunca que tudo o que ele havia ensinado até o momento parecia não ter mais sentido. As duras expressões e a face fechada em sala de aula, durante a sua vida toda mostravam seu caratér forte. Família italiana. Tinham vindo ao Brasil, nos anos de 1913 e 1914 por falta de emprego na Europa. João falava fluentemente 3 idiomas, o mestrado terminara naquele ano. Não possuia vicios, tãopouco filhos. Tatá, o cachorro labrador da familia e Maria Luiza, sua esposa, eram as unicas coisas familiares que fortaleciam a sua vida. Maria Luiza (ou Malu, como ele adorava a chamar) possuia 43 anos e sofria de doenças cardíacas. Gostava de ajudar as pessoas e fazia do artesanato um hobby. Não tinha desentendimentos com ninguém e sempre foi muito ligada a familia. Adorava ler  por paixão. Os livros naquela estante inglesa na sala de estar nunca estiveram empoeirados. Sempre arrumados em ordem alfabética, de Aloisio de Azevedo a Vinicius de Moraes. Ao lado, uma foto da familia, bem antiga naquela viagem à Nova Zelândia, há 5 anos atrás. Vivia feliz.

João era do tipo de pessoa que pouco se importava com a vida. Sempre de maneira mais séria, vivia de acordo com o que já era rotina. Não participava de nada mais além do que suas aulas, mas sempre foi esforçado. Desde pequeno, era obrigado a trabalhar na safra de café, já que o país crescia com a alta produção e exportação de café para outros países. Porém, até ali tudo parou de fazer sentido na vida de João. Nunca foi um homem com uma vida social boa, tentava se fazer de desconhecido de quem quer que fosse. O unico amor que possuía, de verdade, estava ali, naquela sala. Não entendia muito bem porque a morte teria que acontecer, escondia-se atrás de muita coisa que nem ele mesmo sabia que faria falta.  No dia anterior, Malu havia sofrido uma parada cardíaca e não teria suportado. Ao saber, sentimentos e razões se misturaram. Ao anuncio oficial do sepultamento, não sabia mais qual lado andaria. A coroa revestida com as melhores flores, o caixão banhado a ouro e o corpo imóvel. João fechava e abria os olhos querendo que tudo aquilo fosse um sonho e tentava achar alguma forma de querer voltar no tempo. Mas, já não era mais possível. Infelizmente.


João,  Malu e Tatá são  personagens fictícios que utilizei para ilustrar uma cena forte que acontece todos os dias, de diferentes maneiras. As coincidências, se existirem, não são minha culpa, tanto é que tentei procurar pessoas que fossem o menos comum possível. Porém, em muitas vezes, deixamos de lado pessoas que gostamos para ir atrás do que é legal pra gente, como se as pessoas fossem estar para sempre em nossas vidas. É díficil, mas a morte é a nossa unica certeza. Vivemos a nossa vida toda procurando conquistar coisas, procurando ter um sucesso pessoal, no trabalho e em todas as áreas que, mesmo sem saber, procuramos muito e valorizamos pouco, essa é a grande verdade. Se João tivesse valorizado os momentos e dividido seu tempo de forma mais justa entre família e trabalho, teria tido outro tipo de resultado e talvez, o sentimento de culpa fosse menor porque as lembranças que ele guardaria seriam as de momentos bons e que, naturalmente aconteceriam. Sentimos falta do que gostamos, é claro. Mas devemos sentir falta pelo o que fizemos, não um tom de arrependimento pelo  o que poderia ser feito. Os dias passam, as folhas das árvores caem e envelhecemos. Um dia, a morte será uma fase que teremos que passar. O que vem depois? É.. Boa pergunta. As pessoas precisam dar valor ao "Eu te amo" um pouco mais. As vezes, pode não dar tempo pra gente falar o quanto alguém é realmente importante na nossa vida.

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E vó, a senhora foi uma das melhores pessoas na minha vida. Indiretamente, acho que isso é pra senhora. Eu queria poder conseguir escrever algo que fosse o que sinto, mas não vai ser possível. A dor de perder quem a gente gosta é algo muito, mas muito forte. Só queria que, da onde a senhora estiver, percebesse o quanto eu considero tudo o que foi feito enquanto esteve na Terra. A senhora é um exemplo pra mim, tá? Obrigado por tudo. Fica com Deus, um dia espero ganhar mais um abraço. Não esquece do seu neto meio maluco hahahah =) Te amo vó. Eu sei que a senhora tá num lugar bem melhor!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Até quando?

A vida sempre foi um dos aspectos mais incertos da existência dos seres humanos. Há anos, estudiosos e grandes cientistas tentam desvendar os mistérios envolventes do caratér e personalidade de cada um. Uns defendem teorias que agem em torno de traços familiares, outros estão do lado de um ser divino que interage de forma indireta com o ser proporcionando assim algum tipo de ação e, até mais além, outros se baseiam em argumentos provenientes de uma geração. Afinal, será mesmo possivel entender as pessoas a ponto de dizer que nos conhecemos? Existem maneiras reais de olhar para um outro alguém e, de certa forma, conhecê-lo totalmente? Pois bem, acho que isso seria o sonho de qualquer um, não é? Imagine como seria bom saber os momentos de fraqueza de uma pessoa que você ama ou então, descobrir aqueles minutos em que um presidiário mente quanto a sua inocência em determinado crime.. É, seria.

Também seria bom se as pessoas tratassem as outras como se fosse com elas mesmas. Trataria como um sonho aquelas horas nostalgicas de querer (e poder) voltar no tempo em alguns momentos e até ficaria mais feliz quando pudesse ver alguns erros se tornando em acertos, relacionamentos sendo reestabelecidos e até mesmo, famílias. Se a dor do outro fosse nossa, como será que seria? Será que daríamos os mesmos valores pra tudo que acontece e para os sentimentos que estão interligados a quem nos rodeia ou deixaríamos isso totalmente de lado? Me imagino em uma esquina com várias ruas à minha frente. A decisão seria minha se, por acaso, quisesse virar ou seguir em frente. Porém, com a ajuda de um guia seria mais fácil chegar a um objetivo concreto. Com isso, poderia também ajudar outros que estão perdidos em um mesmo caminho, com medo de onde irão sair futuramente.

Pois é, até quando?

Até quando vamos fingir que não sentimos nada por um alguém que amamos com todas as nossas forças? Até quando deixamos o mundo ficar da maneira que está, sabendo que podemos fazer algo diferente e, quem sabe, assim mudar um pouco a realidade? Até quando deixaremos nossos sonhos e objetivos de lado por opiniões alheias de pessoas que nem sempre querem o nosso bem? Até quando teremos medo? Até quando vamos inverter os valores mais importantes da nossa vida, deixando-os de lado? Até quando viveremos em um mundo em que dinheiro é mais importante do que sentimentos, que pessoas valem menos do que um carro? Você, por acaso, ao avistar uma pessoa morrendo, deixaria morrer ou socorreria?

A sociedade nos impõe muita coisa. Vivemos cercados de leis e de pessoas que nos pressionam quanto ao nosso senso de liberdade de expressão, de pensamento e de ação. O que não pode acontecer é tudo que está acontecendo. A informação é algo que se propaga rapidamente, porém, é preciso saber qual o tipo de informação tem chego até você. Não é qualquer coisa que se encaixa aos nossos parâmetros de vida e, talvez, seja por isso que nós mesmos, muitas vezes, nos prendemos as coisas que não nos fazem bem. Nem tudo que gostamos é o melhor para nós. E isso, além de questão de opinião, deve ser uma questão de ação. No mundo, os valores estão invertidos. Não deixe que você também esteja. Quem decide se quer virar uma rua ou seguir em frente é você, mas pense: nem sempre haverá um guia para te auxiliar.

Até quando viver em algo que está errado sabendo o certo? Até quando viver longe (ou tentar) de algo que você sabe que não vive sem? Até quando perder pessoas que mais gostamos por atitudes erradas? Até quando não sermos nós mesmos?

Até quando não ser feliz? É você, ai do outro lado que escolhe. Faça a sua escolha e viva, apenas.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Para que vivemos?

Começa mais um ano e juntamente com ele, vêm novas ideias e planos que irão se estender ao longo de 366 dias que podem fazer a diferença em uma vida. Ficamos pensando e revendo ações de anos anteriores que não deram certo e, as vezes, paramos por nos perguntar o porque, o motivo ou seja lá o que seja de algumas pessoas não estarem mais presentes com a mesma intensidade. Uns entram, outros saem e o ciclo social continua se fortalecendo dia a dia.

E para o que realmente vivemos? Por qual motivo estamos vivos? De forma mais geral, podemos falar que é pra fazer o bem, ver outras pessoas felizes com o que estamos expressando mas, será que é isso mesmo? Será que todos nós vivemos com os mesmos objetivos e os mesmos planos? Bem, eu acho que não. Cada um vive por uma coisa, cada um vive por uma vontade de dar algum sentido a vida, seja ela por parte familiar ou material. Cada um tem um objetivo diferente, essa é a verdade. E é por ter objetivos diferentes que agimos de maneiras diferentes e temos pensamentos que nos levam a lugares distintos.



O que dizer quanto a ação? Fazemos tudo aquilo que pensamos? Não. Claramente não. Hoje em dia, as ações estão compradas. A maioria das pessoas prefere agir de acordo com pensamenos alheios, com pensamentos de outras que nem sempre irão ajudar. De fato, desconheço o motivo disso. Entretanto, considero que a nossa vida é cheia de opções e, a pretexto, cabe a cada um de nós escolher o melhor. Foi nos dado o livre arbitrio e são nesses momentos que devemos expressar o poder que isso tem em nossa vida.

2012 começou e o que ter nesse ano? É dificil falar, porém, com um pouco de luta, cada um consegue aquilo que realmente deseja pra sua vida. Não desistir e sempre viver de acordo com nossos sonhos. O impossível é apenas uma palavra pequena que gente menor ainda usa pra tentar te destruir. Faça com que amores aconteçam, chore, sofra, viva intensamente. Não sabemos o dia do amanhã, viva.